Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2006

SELEÇÃO BRASILEIRA DE MÚSICA

Há alguns anos li um artigo que escalava os imortais da literatura numa seleção de futebol. Muito boa a idéia. Mas como é difícil imaginar Machado e Graciliano, de estilos contrastantes mas necessários, dividindo a meia cancha brasileira, eis aqui um selecionado cujo talento nas artes do ludopédio também é difícil de engolir. Mas, se até Zagallo já foi deglutido, abram as cortinas que começa o espetáculo: Goleiro - o ditado não falha: pra ser goleiro, só louco. E o louco de sempre só pode ser Tom Zé. A torcida brasileira, que prefere um guarda-metas que transmita tranqüilidade à defesa, não entende como ele complica o simples e simplifica o difícil. É mais admirado quando joga fora de casa. Ala direita - Quando Dorival Caymmi cruza a bola na cabeça dos goleadores ou ele mesmo marca um gol, a torcida canta alto: " o que é que esse baiano tem?". Sem correria, é um lateral que só apoia quando bem lhe apetece. E com o risco de voltar no mesmo vagar com que subiu ao ataque. A torc

POR FAVOR, NÃO ATIREM NO PIANISTA!

Dia do músico. Podia até ser feriado santo dado o caráter profilático com que se costuma recomendar obras de Mozart. Mas o músico teria que trabalhar para os ouvidos alheios do mesmo jeito e aí deixemos como está. O título "Por favor, não atirem no pianista" lembra aquele do filme do François Truffaut (Atirem no pianista, 1960), mas também vem daquela velha frase de consolação desde velhos recitais: "Não atire no pianista. ele está fazendo o melhor que pode". Lembro também do filme do Roman Polanski, O Pianista , que nos oferece um quadro pouco convencional de um músico. Aproveito o espaço para "recordar e viver" a arte juvenil (ainda não tinham inventado a pré-adolescência) deste escriba virtual e inexperiente, cujas mal traçadas abaixo podem aborrecer muita (se tanta) gente. O pianista geralmente é visto como um agraciado, um privilegiado que lê hieróglifos e fala pelos dedos. Um suprachato que martela o instrumento e o ouvido alheio, exercitando a toler
O primeiro texto deste blog é uma homenagem às pessoas desta cidade, a nossa Ludicapólis, São Luís, que me acolheram com tanta generosidade e ainda maior paciência. O texto foi escrito em maio deste ano, por ocasião do Encontro de Cordas anual da Escola de Música (EMEM), e enviado para um jornal desta cidade. Aproveito o espaço pra abrir o baú das novidades de ontem, das boas-novas de anteontem e das alvíssaras do passado. Também vou aproveitar o hiperespaço pra justificar a arte feita com dignidade e, desde já, firmo o nobre pacto de falar de cinco áreas somente (o blog se chamaria pentagrama, mas alguém com mais iniciativa já possui este título): 1 - música, 2- literatura, 3 - futebol, 4 - filmes, e 5 - o que der na carcomida telha deste que vos fustiga a paciência.

M DE MOZART E MARACATU NO MARANHÃO

M DE MOZART E MARACATU NO MARANHÃO Antonio Rayol respirava ansioso no camarim do Teatro São Luís. Eleito vice-diretor da Academia de Música do Rio de Janeiro, o maranhense voltava à cidade natal para uma série de concertos. Não bastasse ter de estar à altura do sofisticado público ludovicense, lembrar que uma de suas peças escolhidas, a Serenata Brasileira, não seria apresentada devido à gripe contraída pela soprano, só não o deixava estressado porque stress era uma palavra desconhecida na época. Mas, entre um compositor barroco e um Mozart, afinal, era o ano de 1891 e lembrava-se naquela noite o centenário da morte do gênio de Salzburgo, a platéia aplaudiu freneticamente a polka Pastorinhas, obra do agora mais calmo Rayol. A história acima pode ter acontecido ou não na São Luís novecentista, cujos espectadores do século XXI reviveram noites gloriosas da música de concerto, comum no outrora chamado Teatro São Luís, ainda esporádico no Arthur Azevedo. Na noite de quarta-feira