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Mostrando postagens de março, 2007

AOS PÉS DO SÁBIO LULA

Na Academia Grega de Letras e Filosofia, os jovens estudantes assentavam-se aos pés de um mestre qualquer, tipo Platão, Sócrates e Zico, quer dizer, Demócrito, e ali saíam da caverna do senso comum para a república da práxis filosófica. Que fique claro que mesmo no berço dórico da democracia, o indivíduo que recomendasse o estudo de si mesmo ("conhece-te a ti mesmo")antes de discursar aos outros, principalmente para elementos lépidos no acusar mas lerdos no refletir, corria o risco de sair da vida e entrar para a História com gosto de cicuta na boca. Nessa Academia, onde Sarney e Paulo Coelho não passaram na peneira e rumaram para os trópicos, até o apóstolo Paulo sentou-se aos pés do sábio Gamaliel. Pois, Nossa Excelência Presidencial, o sábio Lula, o Nosso Guia, na alcunha de Elio Gaspari, já pode contratar seu exu-writer ( ghost-writer é para romances abolerados do tipo Zélia e Bernardo Cabral) para compor suas memórias a partir do seu inventário, ou anedotário, de frase

BABEL ou O terrorista, o japa e o cucaracha

Continuando nossa incansável busca pelo filmaço perdido que disseram que é Babel , podemos traçar um rabisco de pensamento. Digo rabisco, pra não falar no fiapo que é a trama costurada com agulha de veterinário pelo diretor mexicano Alejandro Inárritu e seu ex-fiel roteirista Guillermo Arriaga, a fim de dar conta da miséria humana, desse pântano de horrores que é a vida nesse "asteróide pequeno que todos chamam de Terra". A dupla encerra o que poderia ser uma "trilogia da tragédia humana", iniciada com vigor em Amores Brutos (2000), ou a miséria mexicana editada e repetida em 21 Gramas (2003), ou a miséria americana fotogênica. Babel seria todo esse miserê em escala planetária. Em Babel , os personagens de continentes distintos acabam muito próximos por causa de uma arma. Ah, entendi: a violência nos torna co-irmãos e deixa em risco a fraternidade universal. Isso é bem claro na cena em que as crianças marroquinas atiram no ônibus cheio de turistas brancos. A

BABEL: A TORRE ANTES DO FILME

O livro bíblico do Gênesis conta a história de um povo que, na tentativa de escapar de um novo dilúvio, começa a construir um edifício tão alto que arranharia o céu. Jeová, porém, provoca o desentendimento geral naquele canteiro de obras ao instaurar os falsos cognatos na linguagem humana: Pedro pedreiro pedia tijolo, o ajudante de pedreiro trazia água; o mestre de obras mandava buscar tubos Tigre e lhe traziam conexões Mico; a cozinha pedia alhos e o cameloboy comprava bugalhos. Os executivos, que eram nominados CEO, já que o céu era o limite ali, anotaram em seus palm-papiros que os engenheiros não se haviam mais com o súbito aparecimento de diferentes sistemas de pesos e medidas, e as placas que informavam o recorde de dias sem acidentes de trabalho eram retiradas tal era a sucessão de acidentes fatais e pedidos de demissões (devido à total incomunicabilidade linguística, o demissionário revelava sua intenção ao superior com uma simples deserção do local da obra, passando incontinen