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Mostrando postagens de abril, 2008

A última lista de cinema

O American Film Institute (AFI) divulgou outra lista de 100 melhores filmes americanos de todos os tempos. É um instituto do cinema anglófono e, assim, ninguém vai encontrar na lista filmes de Kurosawa, Fellini, Truffaut, Bergman ou Buñuel. Mas a lista impressiona pela quantidade de filmes que modelam até hoje a forma de fazer e assistir cinema. As décadas de 60, com 17 filmes, e a de 70, com 20 filmes, tiveram mais filmes incluídos na lista. Mas o final do século até que não está tão ausente, com 11 filmes dos anos 90. Essa lista não é formada só de arrasa-quarteirões, tipo Os caçadores da arca perdida (nº 66 na lista), mas Steven Spielberg é o cineasta com mais filmes (cinco) na lista, sendo A Lista de Schindler (nº 8) o mais bem colocado. O cinema americano é um cinema de ação, beijos e risos, às vezes tudo isso ao mesmo tempo. Não por acaso, filmes leves que combinam esses fatores foram os mais lembrados. Se reunirmos as comédias, os musicais, as animações, as aventuras fantásticas

O ouvido "escutante"

“À você, possuidor de um cérebro de aço e uma fria e inquebrantável vontade (garantias de sua influência no século XX, agora e depois), à você eu confesso que não penso mais em termos musicais, ou pelo menos não muito, embora eu acredite com todo meu coração que a Música sempre permanecerá como o mais refinado meio de expressão que temos. É que simplesmente acho as peças – se velhas ou modernas, de qualquer forma é só uma questão de datas – totalmente acometidas de pobreza, manifestando uma falta de habilidade de ver além da mesa de trabalho. Elas cheiram à lâmpada, não à sol... Sinto que, sem descer ao nível das colunas de fofoca ou das novelas, o problema pode ser solucionado de algum modo. Não há necessidade de fazer música para pensar !... Seria suficiente se a música pudesse fazer as pessoas ouvirem ...” - carta de Debussy a Paul Dukas, 1901 Antes do e-mail usava-se o meio epistolar para comunicar-se à distância. Bem antes da geração MySpace, escrevia-se uma missiva com papel e ti

Deus: crer ou não crer

Deus existe? A maioria das pessoas acredita que sim, mas dentro dessa maioria há grupos que pouco se importam com os fundamentos bíblicos do cristianismo e outros que se importam tanto com os dogmas que se esquecem de ser cristãos; há aqueles que invocam Jeová para praticar atrocidades e aqueles que invocam a Deus para que os defenda de tamanhas atrocidades. Por tudo isso, não é de espantar o crescimento do grupo dos que declaram não ser adeptos de nenhuma religião (de 3% em 1990 saltaram para 7% em 2007) 1 . Pelo menos é o que se responde na hora fria da entrevista do pesquisador do IBGE, em horas menos incertas, não se sabe qual seria a resposta. Discute-se hoje o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Há 200 anos, bem poucos negariam a criação de Adão e Eva, o dilúvio, a travessia do Mar Vermelho, a batalha de Davi e Golias, a ressurreição de Cristo, o apocalipse, o fim e o recomeço, o Alfa e o Ômega. Entretanto, como percebe o sociólogo Fredric Jameson, as histórias da Bíblia, nos dias de

Notas semínima noção

O que o garoto do quadro ao lado vai ser quando crescer? Músico é que não vai querer ser. Ou então já é o músico mais tímido de todos os tempos. Não se espera, hoje, que um professor vá colocar seu aluno nessa posição, a menos que queira castigar o garoto. Pode ser que ele tenha aprontado uma como a daquele moleque que chegou pra aula de violino e o professor lhe pergunta: “Estudou as duas peças que lhe passei?”. E o garoto, pimpão: “Claro que sim”. Foi quando menino viu, estirado num canto, o violino que tinha esquecido em sala na aula passada. Jorge Coli coletou algumas “peças” musicais no Caderno Mais da Folha de S. Paulo. Cá por mim, não sei dizer se as frases a seguir são de autores que não levaram a sério os estudos ou que não levam a sério a internet. Ou as duas coisas. Bach está morto desde 1750 até os dias de hoje. Ópera é uma canção que dura mais de duas horas. O Bolero de Ravel foi composto por Ravel. A harpa é um piano pelado. Mozart morreu jovem. Sua maior obra é a trilh

"Escolhi Acreditar": fé e razão

A canção "Escolhi Acreditar", letra de Mário Jorge Lima e música de Lineu Soares, foi gravada há dez anos, creio eu, mas é interessante constatar sua capacidade de manter-se atual. E esse talvez seja o primeiro ponto que pode ser ressaltado aqui: a capacidade que tem uma canção de manter-se relevante para uma geração acostumada a trocar de música preferida tão rapidamente. A letra aborda a fé religiosa no cenário moderno, em que os apóstolos da descrença tentam opor fé e razão, religião e ciência. Esta canção procura responder poética e teologicamente ao dualismo da religião da fé e da religião do humanismo. Modernas teorias, novas formas de pensar Existem por aí nos meios intelectuais Que vão do ateísmo mais profundo e radical Até o humanismo com tinturas sociais Os versos acima não são comuns na música cristã contemporânea. São poucos os letristas que conseguem reunir termos como “modernas teorias” e “ateísmo” em tão poucas linhas. “Humanismo com tinturas sociais”? Missão q