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O salto de fé

Michael Jackson se converteu ao islamismo, segundo o tablóide inglês The Sun. Em cerimônia particular e trajando a indumentária islâmica tradicional, o popstar participou de um ritual realizado na casa de um amigo em Los Angeles. Diz o jornal, conhecido pela língua ferina, que o cantor está atravessando problemas legais, sendo processado em uma corte em Londres por Abdullah bin Hamad al-Khalifa, xeique do Bahrein. Jackson teria dado um calote de 7 milhões de dólares no xeique, a título de adiantamento em 2005 para gravar um novo CD. Al-Khalifa diz que o cantor nunca cumpriu sua parte no acordo, e quer o dinheiro de volta.

A família de Michael Jackson era da igreja das Testemunhas de Jeová, o que não impediu o sucesso dos Jackson Five (Michael e seus irmãos) na música pop americana dos anos 70. Mas o cantor que aos 24 anos se tornou o ídolo do álbum mais vendido da história (42 milhões de cópias e projeções de quase 100 milhões até hoje), nunca mais foi capaz de repetir o êxito.

De menino-prodígio à mega-star, do sucesso à ruína moral e financeira, sua vida se tornou um refrão ruim e infinito de fiascos musicais, processos e dívidas. Segundo o tablóide, por interesse comercial, segundo os amigos, por necessidades espirituais, Michael Jackson teria adotado a religião islâmica, passando a se chamar Mikaeel -nome de um dos anjos de Alá.

Há um longo histórico de conversão de famosos às religiões cristã e islâmica. Quase sempre quando estão no fundo do poço financeiro ou então quando desprezados pela mídia. Em todo caso, não custa lembrar que a máscara do artista só dura no palco (máscara que ele é obrigado a mostrar sempre para os fãs). Nos bastidores ou em casa é que se revela sua verdadeira face; face que pode esconder atribulações e infelicidade dentro da alma, a despeito de sucessos ou fracassos. É então que ele decide dar um salto. Um salto em direção ao que muitos acham o mais improvável. Nesse salto, ele acredita cair nos braços de um Deus de amor, que lhe acalma, que apaga suas transgressões como a névoa, que lhe dá um novo sentido na vida.

Não faço a menor idéia de qual seja a motivação real do salto de Michael Jackson, nem se ele saltou de fato. Mas às vezes, de tanto ouvir falar em alguém, parece que conhecemos mais os outros do que a nós mesmos. Mas, e o nosso salto de fé, porventura, continua valendo? Ou nossa fé tornou-se um salto alto de arrogância e aparência de piedade? Estamos tentando sair dos Braços para os quais saltamos com a fé ainda cega mas já afiada ou nos aninhamos diariamente nAqueles braços?

"Examine-se, cada um, a si mesmo".

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