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Mostrando postagens de março, 2009

L.I.V.R.O.

Lendo o que Millôr Fernandes escreveu sobre o livro, não sei dizer se rir ou ler é que o melhor remédio. Quando ambos (ler e rir) estão na mesma embalagem a saúde está garantida. L.I.V.R.O: Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas É um insuperável conceito de tecnologia de informação. L.I.V.R.O não tem fios nem baterias. Não é conectado a nada e é facílimo de abrir - qualquer criança pode operá-lo. É formado por sequências de páginas numeradas, com milhares ou milhões de informações. As páginas são unidas por sistemas de lombadas, que as mantém automaticamente em sequência correta. Dados inseridos nas duas faces da folha duplicam a quantidade de dados e reduzem os custos. Um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. Nunca apresenta "erro geral de digitação" nem precisa "reinicializado". E a informação fica exatamente no local em que você a deixou mesmo com o L.I.V.R.O fechado. A compatibilidade dos marcadores de página

a adolescentização da música cristã

Para Edgar Morin, o surgimento da ética da adolescência firma valores e preconiza um estilo de vida próprio. Isso não é ruim. Afinal, passaram-se milênios tratando a criança e o adolescente como um adulto em miniatura. Entretanto, a sociedade de consumo tem se modelado pelas aspirações do arquétipo do imaginário da juventude: imediatismo, pouco senso de historicidade, vontade de transgredir e preferência pela cultura do lazer. A renovada música cristã não ficou imune a essas mudanças e a adolescentização cultural também perpassa as suas formas de composição e divulgação. O gospel tem mirado preferencialmente o público jovem, alvo também da indústria do entretenimento midiático. Os cantores gospel tendem a reconfigurar os hinos da tradição cristã de uma maneira que, supostamente, a juventude irá preferir. A tendência de formatar um evangelismo digerível para as faixas etárias juvenis pode dotar de relevância e sentido os conteúdos bíblicos. Porém, essa releitura musical tem se pautado p

cem palavras: fé e música

Minha fé é o grande drama da minha vida. Eu sou um crente, assim canto palavras de Deus para aqueles que não têm fé. Dou canções de pássaros para aqueles que moram nas cidades e nunca as ouviram, faço ritmos para aqueles que só conhecem marchas militares ou jazz, e pinto cores para que não vê cor alguma. Olivier Messiaen (1908-1992)

a função e o lugar do ministério da música

Douglas Reis , jovem capelão em Joinville, comentou alguns aspectos relevantes sobre a função e o lugar da música e do músico nas igrejas cristãs. Selecionei os trechos finais (e em seguida faço meus comentários). "O movimento adventista entende que sua missão envolve um convite mundial à verdadeira adoração (Ap 14:7). Sugiro que o descarrilamento da música religiosa adventista esteja ligado a dois fatores: (1) o abandono da verdade bíblica do ministro da música, sacerdotes assalariados que oficializavam o louvor no santuário, e (2) o abandono do ministro de seu papel como construtor da base conceitual para a adoração adequada. "No contexto atual, o ministério adventista carece de atuar no sentido de inserir e fortalecer a visão correta para os adoradores nos últimos tempos.Disto não se infere que o pastor deva substituir o músico ou controlar arbitrariamente a produção musical; mas deve ele formar a base filosófica, por assim dizer, a fim de que o músico, com o conhecimento

everybody loves ronaldo

Imagine o seguinte roteiro: Terceira cirurgia no joelho, mais de um ano em trabalho de recuperação, especialistas falando em todas as mídias que um certo atleta está acabado para o esporte. Esse é só o mote. Vamos para as emocionantes cenas finais. Esse atleta amado por uns e criticado por alguns, longe do melhor da forma espetacular de outros tempos, esse quase ex-jogador entra em campo no meio de um clássico. Pra criar mais suspense, seu time está perdendo para o maior rival. Pois é só entrar em campo e ele já desfere um chute de longa distância: a bola caprichosamente beija o travessão e vai para fora. Foco na torcida, que se acende e pula entusiasmada. Corta para o locutor surpreso, mas garantindo um proverbial “eu já sabia”. A partida está acabando. Close no suor do esforço do craque, flashback do treinamento duro para conseguir voltar a jogar. Então, no último minuto do jogo, a bola é lançada para dentro da pequena área. Câmera lenta, close no rosto crispado desse atleta. Corta

por que ouvir os clássicos?

Erudita também é a música de invenção Herbie Hancock e Hermeto Paschoal, pra ficar em dois músicos com H. Clássico é uma roupa que os compositores eruditos de hoje não vestem, até porque consideram clássico o figurino do regente. Eles fazem música contemporânea. São compositores que bebem em todas as fontes e, após ruminação intelectual, regurgitam novas sonoridades que espantam a platéia de oito amigos e três professores. Não quero dizer que há sabedoria na multidão de ouvintes da enésima execução da Sinfonia nº 40 de Mozart. Mas é que os clássicos, emprestando uma frase de Ítalo Calvino, ainda não terminaram de dizer o que tinham para dizer. Ao contrário de boa parte da música experimentalista do século XX, que rejeita o juízo de valor, renega a funcionalidade e esvazia o sentido interpretativo, a música clássica suporta as muitas interpretações e continua sendo um porto seguro de escuta. Enquanto a música erudita contemporânea, sem generalizações, é ouvida num concerto, mas não aco

a música por grandes músicos

O dia 05 de março foi sancionado oficialmente como Dia Nacional da Música Clássica. Como estamos na antevéspera dessa nova efeméride tupiniquim, aproveito a ocasião para deixar que os músicos falem da música. Particularmente, não aprecio o termo "música clássica". Fica parecendo uma música congelada no tempo que estará deslocada atualmente, o que é uma inverdade. "Música erudita" é um termo excludente e até esnobe, que privilegia as formas instrumentais postas na pauta da notação ocidental. E de nota na pauta, já lhe basta esse blog morno que não aquece o pensamento do amigo leitor. Além disso, se a música de Miles Davis, Dave Brubeck, Tom Jobim, Ennio Morricone, Noel Rosa, Paco de Lucía ou a banda de frevo-jazz do maestro Spok não tiverem, a seu modo, um alto grau de complexidade e sofisticação, então não sei mais o que quer dizer "erudito". Cada um desses termos tem uma explicação para iniciados (inclusive a expressão redutora "música de concerto&qu