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a religião ecológica

A causa ecológica, sempre preocupada com hábitos do velho homem, assegura que nosso planeta não passa de 2030. Resta somente repetir os versos de uma canção dos anos 80: É o fim da aventura humana na Terra. Uma das razões é o aquecimento gradual do sol, ex-amigo dos seres viventes. Banho de sol, nem pensar, mocinha. Resta aquela outra canção sobre um banho de lua para ficar branca como a neve!

Tirem as crianças do sol, deixem as crianças na sala! O sol agora pode causar doenças terríveis como alegria, prazer e vitamina D, coisas opostas a esse mundo que mergulha em depressão e neurose ecológica.

Não vá sair agora para o sol do meio-dia, melhor evitá-lo entre 10 da manhã e 3 da tarde. Claro que tomar sol em excesso pode causar câncer. Mas, diga aí, o que nesse mundo já não causa câncer? Veja também as estatísticas de morte no trânsito e pergunte quantos andam pensando seriamente em largar o volante. É completamente cabível abdicar de refrigerante e de certos programas de TV que também engordam e matam como colesterol ruim. Mas é descabido querer fugir do sol como se fôssemos dráculas.

Uma coisa é cuidar da saúde física e mental, buscar uma alimentação balanceada e diminuir o uso de impressão em papel quando possível. Outra bem diferente é não usar spray de cabelo porque isso contribui para o aumento do buraco nas camadas atmosféricas ou evitar o sol em qualquer hora, quesitos que adotei involuntariamente já que não tenho cabelos e moro sob o céu nublado de Curitiba.

Tem gente que fica à procura de uma paranóia pra viver, como aquela dos maçons-empresários que controlam o mundo como titereiros ou a dos capitalistas que enviam mensagens subliminares irresistíveis para dominar as mentes. Isso tudo é raia miúda perto do surto que conquista cada vez mais adeptos, a psicose da saúde do homem e da Terra.

O cinema também encampou essa ideia: documentários e documentiras anunciam ao mundo que nosso lar está se acabando e é bom aproveitar as belas imagens de savanas povoadas de zebras e leões antes que o tempo se vá. Personalidades, como Al Gore e Leonardo di Caprio, e filmes, como Home e Earth, repetem que o oceano está subindo, a temperatura mundial está subindo, a fumaça está sempre subindo. Alguém duvida de que a bilheteria de filmes do tipo também está subindo?

Por falta de uma ideologia melhorzinha, essa turma aderiu à causa ECOmênica, uma bandeira interreligiosa e suprapartidária. Bandeira não, um guarda-chuva ou guarda-sol que agrega gregos e baianos, antigos comunistas devoradores de criancinhas e novos capitalistas devoradores de almas, padres, pastores e presidentes, BBBs e budistas. Não duvide se Osama rimar com Obama para ser a solução da boa vontade entre os homens filhos de Gaia. Todos culpando a feia fumaça que apaga as estrelas e os flatos bovinos, equinos e muares.

Quando vejo uma multidão tão diversificada agindo de forma tão unânime por uma causa tão mundial, desconfio. Gente muito unânime só aprova credos e partidos que juntam seus trapinhos de diferença ideológica por uma causa salvacionista. Se você pensou em religião ecológica, acertou. De manifestantes que se atiram feito mártires na frente de tratores e navios a notícias sobre um apocalipse ambiental, a religião ECOmênica ganha predominância no altar das causas planetárias. O ECOmenismo ganha adeptos de todas as cores ideológicas e religiosas, pois converter-se a essa causa equivale à luta apaixonante pela sobrevivência da humanidade.

Afinal, quem em sã consciência pode renunciar à defesa da vida? Nada contra defender a vida e cuidar da natureza. É necessário sempre esclarecer sobre o ciclo da vida natural da qual fazemos parte. Reciclar, reutilizar, preservar são itens importantes que devem estar na nossa agenda. Não questiono também as evidências do aquecimento global, só desconfio da "verdade científica" que cerca o debate que um dia foi ambiental e hoje é item da agenda do poder político.

O problema é que a questão climática ganhou um selo de autoridade "científico" inquestionável. A mídia pouco dada a investigações chancela a questão ecológica. Surgem ainda informações manipuladas a fim de criar uma consciência global, que resultam na criação dos dias mundiais sem isso ou sem aquilo (sem carro, sem TV, sem luz elétrica por uma hora).

Curioso como esses tais dias mundiais exercem um fascínio nos países mais desenvolvidos. Principalmente na Europa, que fecha a cara para os imigrantes mas acena alegre para ursos e pinguins.

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