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Mostrando postagens de novembro, 2009

3 anos de blog

Neste mês de novembro, o Nota na Pauta faz 3 anos de vida internética. Eu gostaria de dizer como aqueles megasites de venda que anunciam seus aniversários com slogans como “Nós fazemos 3 anos e quem ganha o presente é você!”. Mas como eu sou apenas um blogueiro pobre-de-má-ré-desci, esqueçamos isso de presente, ok? Nesses três anos (com links): o mensalão inspirou meus instintos mais primitivos e comecei a série inacabada “fábulas menores de moral mínima” ; Bush filho deu lugar à Pai Obama e a esperança venceu o medo nos EUA; Ronaldo encheu a boca dos críticos com suas peripécias carnais e depois calou a boca dos críticos com o desconcertante drible da superação; a Veja afirmou-se como a revista nacional mais tendenciosa quando o assunto é falar mal governo Lula e elogiar as teorias evolucionistas; o Dunga largou o figurino da filha estilista e o Brasil passou a ganhar tudo o que disputava; o papa foi à China e Madonna encontrou Jesus; a música gospel tornou-se a mercadoria mais vendid

verdades e mitos: mensagem subliminar na música

O que é a verdade? Essa pergunta ressoa há muito tempo, inclusive sendo feita pelo hesitante Pôncio Pilatos a Jesus. A filósofa Marilena Chauí apresenta uma perspectiva tríplice do que compreendemos hoje como "verdade": a) Em grego, verdade é aletheia , que seria algo evidente e plenamente visível para a razão. Essa concepção de verdade está embasada no demonstrável hoje, no presente. b) Em latim, verdade é veritas , e tem a ver com o rigor e a precisão de um relato. Essa noção está relacionada à fidedignidade no relato de um acontecimento passado. c) Em hebraico, verdade é emunah , que significa uma crença fundada na confiança e na esperança. A palavra "amém", que quer dizer "assim seja", tem raiz no termo emunah . Quando dizemos amém , o dizemos baseados na confiança presente, mas também firmados na esperança para o futuro. Nossa concepção de "verdade" tem a ver com o verificável, com o fidedigno, com a confiança. E o mito, o que é? Mito é uma

segura na mão do henry e vai

Em vez de converter-se com o tempo em um senhor centenário respeitável, o futebol está na verdade perdendo os últimos fios brancos de respeito e dignidade que ainda tinha. O último escândalo veio a ter lugar logo na civilizada Paris; e o relato que se segue ruborizaria até as damas suspeitas de suspeitas esquinas parisienses. O que lhes passo a contar envergonha a peruca de Voltaire e a calvície de Bonaparte, mas a verdade tem que ser dita ainda que tentem abafá-la tocando a Marselhesa em dez mil alto-falantes. Conto-vos, pois: a aguerrida disputa entre França e Irlanda para garantir uma vaga na Copa de 2010 na África do Sul estava empatada em pleno Stade de France, onde onze anos atrás a seleção francesa tinha conquistado a Copa pela primeira vez na sua história. Se essas duas nações quisessem mesmo demonstrar que vieram do berço da civilização ocidental, esses países convocariam seus homens para batalhas em outras arenas que não o simplório campo de futebol. O embate poderia usar

Indiana Jones e a religião

A série Indiana Jones , além de ser a mais cara e lucrativa brincadeira de caça ao tesouro, também estabelece a religião como ponto convergente dos quatro filmes. Em Os Caçadores da Arca Perdida (1981), a Arca da Aliança é o objeto disputado por mocinhos e vilões. Em O Templo da Perdição (1984), a religião hindu funciona como cenário para as peripécias do herói. Em ambos, as religiões são estereotipadas até o último fotograma. Mas considere que todo o cenário político e arqueológico da série também repete clichês e preconceitos (não vi o quarto filme da série para comentar aqui). No terceiro filme, Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), o diretor Steven Spielberg e o roteirista Jeffrey Boam conseguem equilibrar os temas religiosos com o clima de ação e suspense. É onde também encontram tempo para o bom humor, graças ao ator Sean Connery, mas agora não vem ao caso. No início do filme, o dublê de professor de arqueologia e caçador de raridades Indiana Jones, luta contra um inimigo

o hino da república dos homens ocos

O Brasil republicano fez 120 anos neste domingo dia 15, mas até os paralelepípedos de Brasília sabem que não se passou um dia desde a hora em que Deodoro da Fonseca empunhava a derrubada da monarquia. Um dos princípios básicos do republicanismo, a ética no tratamento da res pública, da coisa pública, do dinheiro público, ainda está para ser consolidada no Brasil. Nessa terra de Vera Cruz, ainda vigora o apadrinhamento colonial e a distribuição de cargos como se estes fossem capitanias hereditárias. De república velha para república nova, do Rio para Brasília, os personagens políticos mudam apenas de nome; nem a mudança de sobrenome pode ser celebrada. Houve mais mudança na passagem da bossa nova para a tropicália do que na mudança de réis para reais ou de reis para republicanos. Há menos pleonasmo no “coqueiro que dá côco” do que nos discursos políticos; há mais farra com as verbas públicas do que entre as carnes públicas no carnaval. O Hino da Proclamação da República ilustra com rar

por que tanto debate sobre música sacra?

Entre as palestras que realizei nesse semestre, talvez as mais marcantes foram as duas que fiz no Campori de Jovens da Associação Sul-Paranaense. Meu assunto? A música cristã contemporânea. Pude, então, falar a respeito de verdades e mitos que cercam a música sacra. É um tema muito perpassado por questões de ordem pessoal: gosto individual, interpretações descontextualizadas, falta de noção sobre a missão da igreja e, principalmente, excessiva preocupação com estilos e instrumentos musicais. A seção que não pode faltar, a de perguntas ao palestrante, centrava-se mais no uso de inovações musicais introduzidas nas igrejas. Eram as famosas "por que pode isso?", "por que não pode aquilo?", enfim, estávamos todos na fase dos "por quês". Por isso, na sexta que vem, vou preparar uma seção no blog para escrever sobre verdades e mitos nas músicas sacra e secular. Não, não serei um oráculo provido das respostas para todos os males que afligem teu pensamento sobre mú

cem palavras: o ódio a Deus

Há uns dois anos, em conversa sobre religiões, um dos interlocutores falou sobre Deus assim: "Esse Deus fica exigindo reverência e adoração só pra Ele, quer que todo mundo se humilhe e grita: se ajoelhem!" Houve um silêncio na roda, eu fiquei impressionado com a súbita cólera na fala do amigo e me faltou palavras pra dizer a ele que essa não é a ideia que tenho de Deus. O prazer do cristão deve ser andar humildemente com seu Senhor, como diz a Bíblia. Cristãos genuínos gostam de servir a Deus e, para eles, adorá-lO nada mais é que reconhecer e ser grato pelos atos poderosos de salvação dos quais se consideram não merecedores. O jornalista português João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo (4/11/09), identifica que alguns intelectuais são sistematicamente agressivos em relação às religiões (e regularmente acintosos quanto ao cristianismo) não porque descreem simplesmente na existência do Deus bíblico, mas porque desenvolveram um ódio ao Deus bíblico, e acabam falando de De

a intolerância e o vestidinho indefectível

A moçoila ousada e descolada se arruma em frente ao espelho, experimenta uma, experimenta duas, na terceira roupa ela se decide. Portando apenas um vestidinho vermelho, ela anda pelos corredores da faculdade e transtorna um grupo de universitários. O vestidinho causa furor e uma entidade moralizante “baixa” nos universitários, que veem no curto figurino da moça uma profanação do solo sagrado da academia. Eles (e elas), movidos pelo zelo escandalizado típico dos jovens universitários tupiniquins, seres pouco afeitos a baladas, raves e que tais, não somente atiram a primeira e a segunda pedra na Madalena suburbana metida em trajes tão sumários, como também expulsam-na do prédio acadêmico. Só faltaram levá-la até a direção e gritar “Eis aqui essa mulher, magnífico reitor. Foi apanhada nos provocando, essa mulher deve morrer!” Teria Geisy Arruda, a dama-estudante de vermelho em questão, transtornado a turba com seu vestidinho vermelho indefectível? Vejamos. Não, ela não passou pelos tubos

o e-book e o e-leitor

Quando os primeiros livros começaram a ser impressos na gráfica de Gutenberg no remoto ano de 1455, será que houve alguém que continuou preferindo estudar nos pergaminhos? Pois no nosso informatizado século há quem não goste da novidade revolucionária, o e-book . E não é por que a nova engenhoca do saber ainda custa caro. Não se assuste com a chegada do e-book , o livro eletrônico que comportará toda a sua estante de livros. Vantangens prováveis: os livros que você quer (e conseguir comprar) a um click de distância; não amassa, não pega fungo, não tem mau cheiro nem solta as tiras; dá pra ler de noite; o portador do e-book será visto como alguém antenado - alguns dirão "descolado". Desvantagens possíveis: comprar de novo os livros que você já tem; ver uma estante ficar obsoleta; esbarrar num botão e mudar de página - ou de tela - no meio da leitura; reiniciar, resetar, reinicializar; virar o brontossauro da repartição caso não adquira um e-book . Não há como negar que ler u