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Mostrando postagens de julho, 2011

o louvor não vai te salvar

Há uma questão extramusical associada à canção cristã contemporânea de Louvor & Adoração:  sua relação com a demonstração de sinais exteriores de emoção e consagração. O desejo de fugir do culto estático e “morto” leva alguns a dizer que precisamos do culto extático e “vivo”. A questão é que isso pode conduzir à ideia de que quem não fecha os olhos, levanta as mãos e fala chorando por cinco minutos não está consagrado. É o mesmo argumento defendido por aqueles que “falam em línguas”. Então, quer dizer que as pessoas que não reagem com alto teor emocional perderam a comunhão com Deus? Será que só a forma musical da adoração contemporânea é capaz de produzir alegria e interação nas igrejas? O pastor Paul Basden comenta que a adoração carismática tem a tendência a exaltar as  “manifestações externas e visíveis do Espírito acima do trabalho interno e silencioso dele” . Robert Webber, professor e escritor de livros sobre adoração, avalia que  “o lado performático da adoração contemporân

ler e crer: nem tudo é permitido

Texto de Luiz Felipe Pondé publicado na Folha de S. Paulo (via Pavablog ). Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for “não”, o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim. Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como “Dostoiévski não está com nada” porque queima seu filme. Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista… risadas) vem deles. Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre “as novas gerações”. Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: “Essa moçada nã

duas avenidas, duas músicas

Há duas avenidas para encurtar a vida de um ídolo pop: decadência musical e degradação física. Amy Winehouse trafegou sem volta pelas duas. São avenidas que se cruzam, uma leva a outra. Para achar um caminho alternativo é preciso tempo e vontade. É preciso sumir do mapa, encarar, yes, yes, yes, uma reabilitação e só voltar quando se estiver bem longe daquelas avenidas letais. Como fizeram os atores Robert Downey Jr e Anthony Hopkins. Como até agora não conseguiu fazer a dublê de atriz e cantora Lindsay Lohan. Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos, saiu daquelas duas avenidas a tempo. Ele fez uma conversão no rumo e escapou para contar a história. Sua nova vida dedicada ao evangelho cristão impressiona. Sua nova música é, principalmente, sua nova vida . Ah, dirão alguns, mas ele faz rock gospel e rock é coisa do... Eu me arrisco a dizer que se todo cantor gospel tivesse sua simplicidade no falar e sua atitude ao testemunhar e cantar, eu recomendaria a adoção desse estilo para todos. Mas tem

Rio, ou Como depreciar um povo e ficar milionário

Quando o avião em que eu estava passou ao lado do Pão de Açúcar e vi aquele mar, aquela praia (e antes “da janela vi o Corcovado, o Redentor, que lindo”), eu me convenci: o Rio de Janeiro continua lindo... mas aqui de cima. Mas que nada. Passei 3 dias na cidade desfrutando a maior, ufa, tranquilidade. A animação Rio te dá essa impressão logo no começo. Imagens aéreas da cidade maravilhosa. E logo a seguir, imagens nada maravilhosas do povo da cidade. O esplendor técnico do filme é de encher os olhos, mas a visão depreciativa do carioca (e por tabela, do brasileiro) só pode ser fruto de uma cegueira social. Não estou pedindo que a Disney  as produtoras roliudianas nos mostrem em nossa teia complexa de comportamentos. Até porque ninguém se importa com os estereótipos quando eles são texanos, mexicanos , muçulmanos ou portugueses, né? Mas a preocupação do diretor Carlos Saldanha (o mesmo de A Era do Gelo ) em ser complexo e sofisticado está só no magnífico uso das cores para pintar os

olha quem está falando (do evangelho)

O que leva um roqueiro no auge da fama e da grana a renunciar a tudo isso, dar meia volta e seguir num estilo de vida completamente diferente? E quando essa conversão de rumo é motivada pelo evangelho, pela Bíblia, por Cristo? A resposta mais fácil é: enlouqueceu, esse homem enlouqueceu. Pois o ex-louco Rodolfo Abrantes deixou a banda de rock hardcore Raimundos para continuar sendo chamado de “louco”. Rodolfo Abrantes era um homem-bomba prestes a se autodestruir pelas drogas. Ele não procurou uma igreja. Mas o evangelho o encontrou. E ele preferiu destituir-se da aparente “sabedoria do mundo” para entrar na aparente “loucura do evangelho”. No vídeo abaixo, o músico fala de sua conversão e de seu novo estilo de vida com uma tranquilidade e uma sinceridade que desarmam qualquer cinismo. No programa Altas Horas , Serginho Groisman (um apresentador que não constrange seus convidados com joguinhos infantis ou vãs interrupções, diga-se), pergunta a Rodolfo se no seu "rock co

educação inferior

Educação inferior: Projeto relatado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) elimina exigências mínimas de titulação acadêmica para professores universitários [Editorial da Folha de S. Paulo] São ainda insuficientes e tímidos os esforços para melhorar a qualidade do ensino superior no Brasil. Pode-se, entretanto, dizer que, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, quando se introduziu o Provão, uma tendência para avaliar com mais rigor o desempenho de faculdades públicas e privadas vinha sendo mantida. Naturalmente, o processo enfrentou resistências de todo tipo. Houve reações corporativas de parte do professorado e manifestações de sectarismo ideológico em setores do movimento estudantil. Com menos estridência, mas forte poder de pressão nos gabinetes, o lobby das faculdades particulares muitas vezes procurou, no Congresso e no Executivo, afrouxar os controles públicos. Para algumas instituições de ensino superior, trata-se menos de construir alguma coisa relevante do ponto de vista

música na sala de aula

O ensino de música tem prazo oficial para voltar à sala de aula como disciplina escolar. Quem será o professor? Os formados com licenciatura em música ou a "tia de artes" é quem vai dar a aula de música também? E por que mesmo a escola deve inserir nos inflacionados currículos a educação musical? Que tipo de educação musical será incentivada? Que músicas estarão no programa? Na questão da importância da educação musical está um mar de pesquisas que revelam: - a existência de afinidades entre o desenvolvimento musical e o desenvolvimento intelectual dos estudantes; - a relação entre música, comportamento e relacionamento interpessoal; - o sucesso de projetos sociais que se valem do ensino da música nas áreas urbanas mais pobres. No entanto, muita gente ignora os atributos do fazer musical na sala de aula e pensa que o ensino de música deve dirigir-se apenas aos "mais talentosos". Essa ideia causou um grande mal à democratização da música, cuja instrução formal

afinal, o que querem as mulheres do pop?

Sabe a pole dance, aquela dança em que uma mulher fica seduzindo um poste? Pois é. A música pop virou concurso de pole dance. Britney Spears, Rihanna, Beyoncé, Shakira, Fergie, Kate Perry, Nicky Minaj, Ke$ha e congêneres viraram dançarinas de pole dance, barganhando a atenção do público por meio de megavoz (nem todas) e mini-roupas (todas). Mas, afinal, o que querem as divas do pop? Vestir-se como stripper e rebolar pelo resto de suas vidas? Taí a Madonna, há 30 anos como porta-estandarte do rebolation made in USA. Não estou atacando de moralista contra as belas moçoilas, que são bem grandinhas pra saber o que fazer da vida e podem se vestir e cantar do jeito que bem entenderem. E nem tenho moral pra ficar jogando pedra na Geni. Mas tem que ser moralista para se preocupar com o arrastão do sensualismo glamourizado das novas estrelas da música pop? Tenho outras razões. A primeira é esse engodo sofisticado de parte de sociólogos e feministas dizendo que Beyoncé e cia. representam o “e