Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2012

SoundCloud: os novos rumos do som que você ouve e faz

O SoundCloud  está mudando as formas da atividade industrial-musical. São as novas tecnologias criando novas maneiras de circulação do som que você ouve e faz. Aliás, circulação não é a palavra adequada, porque nas redes sociais não se anda em círculos e o destino é imprevisível. Nada será como antes. Confira parte da reportagem do Estadão intitulada " SoundCloud, a voz do som": “Não acho que somos apenas uma rede social de música”, diz Dave Haynes, vice-presidente de negócios do SoundCloud. Haynes pode até desconversar, mas o fato é que, aos poucos, seu site vem se estabelecendo como a principal rede social de música na internet, título que já foi do MySpace , quando este aspirava a ser maior rede social do mundo. Enquanto este último deslizou ao deixar a música em segundo plano – e aos poucos perder a relevância digital –, o SoundCloud restringiu seu foco e dedicou-se apenas ao compartilhamento de arquivos de áudio. Esta definição rendeu bons frutos. Me

o sagrado e o profano na terra da paródia

O neopentecostalismo surge num momento em que as fronteiras entre sagrado e secular estão cada vez mais diluídas. No esforço eclesiástico de dar sentido ao conteúdo bíblico para as novas gerações, os tradicionais limites que separavam a igreja de um modelo cultural secular foram progressivamente apagados, levando a um processo de nivelamento entre o sagrado e o secular. As igrejas cristãs contemporâneas demonstram uma enorme tendência a sacralizar o profano, expressadas em eventos como o “Carnaval de Jesus”, a “balada gospel” ou a rave gospel. O sociólogo da PUC-Campinas, Luiz Roberto Benedetti, entende que essa postura das igrejas revela que “há, aqui, mais do que transposição, um nivelamento entre sagrado e profano ” ( As Religiões no Brasil , p. 132). Vemos as igrejas atuais cada vez mais afeitas à mimetização de eventos seculares do que ao trabalho de reforma espiritual da sociedade. As cidades recebem apenas o impacto de multidões movendo-se de um logradouro públ

todo mundo odeia o Michel Teló

Agora que Michel Teló lançou a Macarena do começo do século, o cidadão brasileiro anda indignado com o sucesso do rapaz. Não adiantou. O hit Ai, se eu te pego  globalizou e já conta com versão pra inglês requebrar: Oh, if I catch you . Mas poderia se chamar “Nobody deserves it” (Ninguém merece). Nosso último representante a ser vertido para a língua de Shakespeare tão rapidamente foi Tom Jobim. Muito salão de espera ao redor do mundo ainda toca The girl from Ipanema , One note samba  e Waters of March . Tom preocupava-se em transportar para a letra em inglês a mesma carga de poesia e aliteração que a canção possuía em português: na canção Corcovado , aquela famosa primeira frase, “um cantinho, um violão” , se tornou “Quiet night of quiet stars” . Isso é trabalho de versão. Trabalho de tradução seria simplesmente escrever “A little corner, a guitar”. Mas aqui também é a terra do gênio de Falcão, um caso raro de bregueiro contemporâneo que não se leva a sério. Ele cometeu um

a vitória de Messi, o anti-star

Lionel Messi ganhou o prêmio FIFA/Bola de Ouro de melhor jogador do mundo pelo terceiro ano consecutivo. E ninguém impede que ele continue sendo o melhor pelos próximos dois ou três anos. A menos que outros melhores que o enfrentam nos gramados, como Cristiano Ronaldo e Neymar, consigam vencer o time do Barcelona pelo menos três vezes por ano. Neymar/Cristiano Ronaldo vs. Messi não é só um duelo de habilidade futebolística. É um confronto de personalidades. Pode haver mais diferença entre o comportamento narcisístico  do craque portuga Cristiano Ronaldo e o discreto Messi? Ou, entre os duzentos penteados bizarros de Neymar e o cabelo sem tintura do Messi? Não estou dizendo que todo mundo tem que ser igual, que todos devem ser robozinhos com a mesma personalidade. Mas quando eu vejo garotos de 8 anos pedindo “papai, me dá um moicano de presente”, só me resta torcer para que o cabelo do Neymar seja o último dos moicanos. No fundo, o penteado nem é o problema. Ao menos dá

umberto eco: para gostar de ler

Umberto Eco completa 80 anos de vida. Erudito versado em arte, literatura,linguística, filosofia, estudos da mídia, religião e ainda um romancista bestseller, Eco parece capaz de escrever sobre qualquer assunto com maestria. Ele mistura investigação criminal com discussões filosófico-religiosas em O Nome da Rosa ; discorre sobre a multiplicidade, mas não a infinidade, da interpretação de uma obra no livro  Obra Aberta ; analisa a divisão entre os que veem a cultura de massas como um transtorno cultural e os que aderem alegremente à cultura pop, como em Apocalípticos e Integrados ; defende a existência do livro apaixonadamente em Não Contem com o Fim do Livro . Numa eleição promovida pela revista Prospect , figurou em segundo lugar como o maior intelectual vivo do mundo, atrás de Noam Chomsky. Com a ajuda do WikiQuotes, selecionei algumas frases de seu livro mais conhecido como pequena homenagem a esse gigante do pensamento. De "O Nome da Rosa" (vale a pena ass

aquela velha opinião formada sobre os evangélicos

Originalmente publicado no blog Amigos do Presidente Lula . Vi no Pavablog . Preconceito contra evangélicos no Estadão . Quando noticia um evento de massa de uma igreja evangélica, retrata como "estorvo", como "problema de trânsito". Escolhe para entrevistas só quem se sentiu prejudicado e não dá voz aos membros e fiéis da igreja, que também tem o direito de ir e vir, e também sofreram com o trânsito caótico, e com a falta de apoio da Polícia Militar, que avaliou como “normal” o trânsito naquela área e não mandou reforços para organizar o trânsito na rodovia. Quando o jornalão retrata outro evento de massa equivalente, porém da igreja católica, dá ênfase diferente e só positiva, mostrando apenas a visão dos fiéis e das autoridades eclesiásticas (o que até está correto, errado é fazer o que fizeram com a Igreja evangélica). O tratamento diferenciado mostra o quanto existe de preconceito religioso (e até perseguição) no jornalão. Se f