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Mostrando postagens de outubro, 2012

há tempo para...

meritocracia ou meriTEOcracia

"Mestre, o que devo fazer para ser salvo?" Há pessoas que fazem a pergunta com a esperança de receber uma receita pronta de salvação. Elas perguntam, e pensam adivinhar a resposta. “O Mestre vai dizer que é preciso um tanto de amor ao próximo e dez tantos de mandamento”. O problema é que achamos que Jesus não vai contar com nossa astúcia. A resposta Dele é sempre mais profunda do que esperamos: “Vai vende tudo o que tens, dá aos pobres e segue-Me”. Ou então: “Você tem que nascer de novo”. Ou ainda: “A Minha graça te basta”. Nossa sociedade está tão obcecada com a meritocracia, com o pensamento de que apenas os mais esforçados merecem prêmios e troféus, que muitos chegam a acreditar que a salvação é uma questão de esforço pessoal e crédito na praça. Há quem se apegue a ritos, a indulgências compradas, a leis cumpridas, a cerimônias entediantes, a teologias liberalizantes para garantir seu troféu. Melhor dizendo, sua coroa. Mas isso é meritocracia aplicada à

telenovela, medo e a religião dos outros

O site exercitouniversal.com.br , criado por adeptos da Igreja Universal, lançou uma campanha pela internet contra a novela da Globo “Salve Jorge”. Segundo o site, essa novela promove a adoração a Ogum, entidade espiritual que, no sincretismo católico, representa São Jorge. Por isso, os evangélicos devem boicotar a novela global. A campanha também agregou imagens com o slogan "Queima o Jorge". Sem querer perder a audiência da fatia evangélica que assiste suas novelas, a Rede Globo afirma que a novela não vai enfocar as religiões afro-brasileiras ou o catolicismo, mas vai somente utilizar na trama o mito do guerreiro Jorge da Capadócia. A semana de estreia da novela global marca também a reestreia da minissérie “Rei Davi”, na Rede Record, a TV do bispo Macedo. A contrapropaganda do site neopentecostal é mera coincidência? Há muitos motivos para não assistir a telenovelas. Mas não assistir por causa do seu título é crer num mundo mágico que não tem nada a ver co

as três criações de Deus

A dúvida não é um problema. Ficar paralisado pela dúvida, sim; passar a vida indeciso repetindo para si a mãe hamletiana de todas as dúvidas: ser ou não ser. Duvidar, questionar, perguntar, tudo isso é humano. Nossos ossos são dúvida, nossa carne é dúvida, nosso pensamento é pergunta. E como perguntar não ofende... Mas há algo nessa breve história da dúvida que precisa ser contada. Minhas dúvidas vão se apagando na medida em que acende a certeza da centelha divina da criação que há em mim. Quando eu vejo um bebê sendo gestado no mar amniótico da tranquilidade, eu penso: há um Criador. Quando eu olho para a rotina da Terra a girar feito bailarina incansável, eu acredito: há um Criador. Quando eu contemplo a tapeçaria celeste disposta como teto sobre mim, eu não tenho dúvidas: há um Criador. Alguns cristãos procuram conciliar a teoria da evolução e o Gênesis. No entanto, aceitar o evolucionismo teísta, que dispõe Deus como supervisor do processo evolutivo e não como o Criador da

melancolia e depressão na música pop

A música popular de hoje está depressiva? As melodias têm maior inclinação melancólica do que antes?  A música triste e melancólica não é uma atribuição do pop contemporâneo. No século XIX, Chopin compôs peças de caráter nostálgico e melancólico, o que seria um reflexo de sua própria personalidade.  Isso nos leva à pergunta: a música reflete o estado da alma de seu compositor? O ato de composição é complexo. Por isso, o que vou dizer a seguir é algo bem simplificado. Uma música pode expressar uma experiência dolorosa que um músico pode estar vivenciando; o compositor procurou somente representar musicalmente uma emoção ou sentimento. Ou ainda, não é o compositor que está buscando representar uma determinada emoção em forma musical, mas o ouvinte é que tenta encontrar na melodia um significado emocional. Ouça o movimento poco alegretto da 3ª Sinfonia de Brahms [ouça o 1º minuto]: Essa música é melancólica? Depressiva? Ou é o ouvinte que associa certas sonoridades a certa

aos mestres

O que fazemos bem hoje, devemos a um bom professor. Afinal, quem quer aprender sozinho sempre aprende com alguém bem ignorante.

a palavra da fé e a fé na Palavra

A Bíblia é uma perfeita literatura artística e espiritual. Ao estudarmos a Bíblia sem preconceitos e mente aberta, colocamos em xeque nosso modo de viver, passamos a duvidar de que temos a resposta humana para tudo e começamos a compreender o significado da vida. Então, tudo está explicado? Não. Muitas vezes, gostaríamos que certos pontos da Bíblia fossem mais claros e diretos, gostaríamos de ver um “x” marcando a alternativa correta para que ninguém interpretasse diferente. Não é assim tão fácil. Aliás, não é difícil enxergar a Bíblia como a palavra da fé. Mas o que precisamos mesmo é ter fé na Palavra. Em João 5:39, vemos Jesus dizendo: “Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de Mim”. Muitos de nós examinamos, pesquisamos e estudamos a Bíblia buscando achar um erro histórico, uma incoerência textual. E é possível encontrar o que se quer: a falha gramatical, a dúvida factual, a vida eterna. No verso 40, Jesus adver

o ano em que não fomos mais os mesmos

Música, tecnologia, guerra, direitos civis, religião: de tempos em tempos, o modo de pensar e agir sobre isso tudo muda. Se alguém quiser saber quando foi que nossa sociedade começou a ser do jeito que é hoje, é preciso recuar até 1962. Há 50 anos, deixamos de ser os mesmos. Em fevereiro de 1962, John Glenn tornava-se o primeiro astronauta americano cruzando a órbita da Terra. O próximo passo seria a chegada à Lua e o resto é história (ou uma tremenda "estória"). A corrida espacial disputada por americanos e soviéticos era acalorada. Enquanto a isso, a Guerra Fria também esquentava naquele ano. Em 14 de outubro, um avião espião dos Estados Unidos fotografou quatro lançadores de mísseis em Cuba, desde a época, uma ilha comunista rodeada de capitalismo por todos os lados. O mundo prendeu o fôlego por 13 dias esperando o Armagedom atômico.  Só no dia 28, o premiê soviético Nikita Kruschev declarou que as armas seriam desmontadas, encaixotadas e enviadas de volta à

qual é a política do cristão?

O cristão não é um ser apolítico. Primeiro, ninguém é apolítico. Todo posicionamento a favor, contra ou muito pelo contrário é um posicionamento político. Segundo, o cristão que verdadeiramente ama a Deus também ama seu semelhante. Isso implica reconhecer sua responsabilidade social. O pastor Bert Beach escreveu que o “cristianismo é uma religião de comunidade. Os dons e as virtudes cristãs têm implicações sociais. Devoção a Cristo significa devoção a todos os filhos de Deus, o que gera responsabilidade pelo bem-estar dos outros”. Isso não quer dizer que todo cristão tem que se filiar a um partido político. Além de denunciar estruturas socioeconômicas opressoras, o cristão deve trabalhar para mudar pessoas. O cristão também é um revolucionário. Mas do tipo que apresenta a paz e a vida em Cristo. Ele tem como objetivo mudar o homem. O homem transformado mudará as estruturas sociais de exploração e opressão. O cristão espera novo céu e nova terra. Enquanto isso, ele trab

o curioso caso do delegado mãos-de-tesoura

O delegado Protógenes foi ao cinema ver um filme sobre um ursinho de pelúcia. E levou seu filho de 11 anos. Como acontece com 90% dos espectadores, ele não se informou sobre a história do filme e só lá dentro foi descobrir que o ursinho não tinha nada de pelúcia. Era, na verdade, um ursinho de malícia. O ursinho fuma, bebe, fala palavrões, cai na gandaia. Ou seja, não deve morar com os Ursinhos Carinhosos. Tem crítico de jornal vendo o filme como uma fábula sobre a adolescência sem fim dos adultos de hoje, que casam com a irresponsabilidade e o hedonismo até que a maturidade os separe. Não sei se o filme é bom ou ruim, mas acho que não vale a pena descobrir. O que todos sabem é que o delegado Protógenes levou seu filho de 11 anos para ver um filme qualificado como não recomendado para menores de 16 anos, e que saiu do cinema esbaforido pedindo pelo Twitter a censura do filme em todo o território nacional. Essa é a história do Delegado Mãos-de-Tesoura . Parece uma fábula, ma

liberdade de expressão: modo de usar

Um filme que satiriza Maomé e que mostra o islamismo como um câncer serviu de justificativa para o ataque de salafistas a embaixadas norte-americanas no Oriente Médio. Não é a primeira vez, e certamente não será a última, que o pensamento ocidental, pavoneando-se sob a égide da liberdade de expressão, provoca a fé muçulmana. Na cabecinha livre, leve e solta de editores de revistas e jornais ou de artistas e executivos da área cultural, qualquer pessoa pode expressar sua opinião sem ter que ser ameaçada de morte por isso. Aliás, editores e executivos sempre se defendem com a máxima que reza que “as opiniões aqui emitidas nem sempre expressam as convicções do corpo editorial”. No artigo "Cruzadas, novamente" [ Carta Capital ], o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle demole a ideia de que a liberdade de expressão não tem limites: [...], há de se fazer uma reflexão a respeito do filme que serviu de estopim para tais ações. Permitir um filme dessa natureza, ond