O formalismo tem engessado não só a doxologia dos cultos,
mas também a noção do que é um culto a Deus. Enquanto, num extremo, para uns o
culto não difere de uma ida ao shopping ("posso chegar ou sair na hora que eu quiser"), no outro extremo, estão aqueles que não concordam com a mudança de
um jota ou um til em sua concepção de culto enquanto céu e terra não passarem
("não mexam no meu culto").
Estes últimos às vezes parecem ter um slogan semelhante ao
daquela franquia de hambúrgueres: façam o quiserem, mas não mexam no meu
quarterão!
Misericórdia quero, e não sacrifícios: este deveria ser o
slogan de nossas vidas de crentes com tolerância zero. Deveríamos estar num
estágio mais maduro de nossa vida cristã para que não houvesse contenda ou
constrangimento indevido por causa de meia dúzia de canções que não estão nos
hinários. Mas temos escolhido criticar negativamente em vez de orientar
positivamente.
O cisco do tradicionalismo impede que se enxergue que as
faixas etárias (infância, adolescência e juventude) possuem modos de expressar
a fé e a adoração que são diferentes dos modos de expressão religiosa de gente
que se diz crescida.
O acolhimento das atividades religiosas dos componentes de
outras faixas etárias que não a nossa, porém, não deve ser uma justificativa
para o rebaixamento da beleza ou da dignidade tradicional do culto.
Também não quer dizer que, na ânsia de atrairmos os mais jovens, vale usar
qualquer estratégia irrefletida e todo gênero musical.
Mas, quantos de nós, ao discordar do penteado, do vestuário,
da voz, do instrumento musical, em vez de nos dirigirmos correndo para a saída
mais próxima, fomos até ao cantor, à cantora, à banda para conversarmos sobre
nossos pontos de vista? Se não vamos até lá talvez estamos achando que aqueles
irmãos inferiores estão muito abaixo do nosso degrau de santidade para que
dispensemos a eles um tempo que será muito mais bem utilizado para abraçar o
irmão amado em que me comprazo e/ou para preparar o bendito almoço do santo dia.
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