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Mostrando postagens de agosto, 2014

os desafios são barreiras ou estradas?

Ontem eu deveria ter assistido o clássico "Lawrence da Arábia", mas não foi possível. Tive que me conformar com o filme "Expedição Kon-Tiki". Para minha surpresa, comecei assistindo contrariado e terminei empolgado. Quando garoto e ratinho da biblioteca do internato, li pela 1ª vez a história de Thor Heyerdahl, o norueguês que, junto com outros 5 experientes em maluquices, exceto um tripulante que era só um vendedor de geladeira, cruzou o Pacífico da costa do Peru à Polinésia  numa jangada. Foram 101 dias e 8 mil km de mar. Thor tem nome de super-herói, mas seu único poder é uma perseverança cega. Aliás, perseverança tem de enxergar além, e não deve enxergar muito bem ao redor, senão ela desiste. Thor desafiou o mar e a National Geographic ao refazer, no século XX, o mesmo caminho feito há 1.500 anos por homens destemidos como eles. O que ele queria provar? Que, para as civilizações antigas, "os mares não eram barreiras, mas estradas". Numa

a tragédia na era da zoeira

A "era da zoeira" não poupa ninguém. Nem os mortos de velhice, como Niemeyer, nem os que se vão cedo demais, como Eduardo Campos. Antigamente, as pessoas contavam piadas nos velórios. Isso servia para passar a noite e para aliviar a gravidade do mal irremediável. Mas nas redes da zoeira social não se ri da morte, nossa desgraça inevitável, nem dos mortos, nossos companheiros nessa condenação mis teriosa, mas se zomba da memória dos vitimados, da única réstia de sua vida que deixam aos ainda vivos. A era da zoeira perde a oportunidade de enlutar-se com os enlutados e relembrar que a vida é sopro e a morte é mistério. A era da zoação ininterrupta deixa de ver que "é melhor ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao coração", como registra o livro de Eclesiastes. Pena que, assim como nos filmes da atualidade, haja tão pouco espaço para a reflexão na tragédia e tanto gosto por zoeir

robin williams e a sociedade dos professores mortos

Todos os dias, milhares de professores entram nas salas de aula, fazem a chamada, abrem o livro didático na página 171, viram as costas para os estudantes e prescrevem na lousa seu pacto com a mediocridade. São professores mortos de uma aula morta. Não aproveitam a oportunidade para fermentar ideias de grandeza na mente de seus alunos. Ao apequenar sua aula, o professor-zumbi subestima seu papel social. Eu ainda ouço vozes: “ Carpe diem , aproveite o dia, faça de sua vida algo extraordinário”. É a voz do ator Robin Williams, artista de vastos recursos cômicos e dramáticos, e que, infelizmente, acabou de entrar para a sociedade dos grandes atores mortos. O professor John Keating (interpretado por Robin Williams em Sociedade dos Poetas Mortos ) não dá aulas no sentido formal e solene do termo. O que ele faz é tentar inocular nos estudantes o germe da curiosidade e do protagonismo da própria vida.  Para isso, ele rasga o formalismo das tradições e, em vez de fazer os

robôs: músicos do futuro?

“Fazer música usando robôs instrumentistas me fascina. As pessoas frequentemente presumem que músicas emocionalmente poderosas têm que vir diretamente demãos humanas. Eu discordo disso e me divirto provando que essas pessoas estão erradas. Esse projeto é uma excelente maneira de explorar mais essa área” – Squarepusher Imagine um guitarrista com 78 dedos e um baterista com 22 membros. Essa é a banda do compositor Squarepusher tocando no Japão. São os músicos do futuro ? Sim, mas duvido que os instrumentistas humanos serão substituídos. Até porque já inventaram sintetizadores, teclados e o Garage Band, mas muita gente ainda prefere ouvir música tocada por gente. Quando bandas de robôs se multiplicarem e proliferarem como duplas de pop-sertanejo, provavelmente elas serão bastante utilizadas em casamentos, recepções de formaturas e demais eventos em que a parte contratante quer pagar o mínimo possível para os músicos contratados.