A "era da zoeira" não poupa ninguém. Nem os mortos de velhice, como Niemeyer, nem os que se vão cedo demais, como Eduardo Campos.
Antigamente, as pessoas contavam piadas nos velórios. Isso servia para passar a noite e para aliviar a gravidade do mal irremediável.
Mas nas redes da zoeira social não se ri da morte, nossa desgraça inevitável, nem dos mortos, nossos companheiros nessa condenação misteriosa, mas se zomba da memória dos vitimados, da única réstia de sua vida que deixam aos ainda vivos.
A era da zoeira perde a oportunidade de enlutar-se com os enlutados e relembrar que a vida é sopro e a morte é mistério.
A era da zoação ininterrupta deixa de ver que "é melhor ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao coração", como registra o livro de Eclesiastes.
Pena que, assim como nos filmes da atualidade, haja tão pouco espaço para a reflexão na tragédia e tanto gosto por zoeira e comédia.
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