Todos os dias, milhares de professores entram nas salas de
aula, fazem a chamada, abrem o livro didático na página 171, viram as costas para
os estudantes e prescrevem na lousa seu pacto com a mediocridade.
São professores mortos de uma aula morta. Não aproveitam a
oportunidade para fermentar ideias de grandeza na mente de seus alunos. Ao apequenar
sua aula, o professor-zumbi subestima seu papel social.
Eu ainda ouço vozes: “Carpe diem, aproveite o dia, faça de
sua vida algo extraordinário”. É a voz do ator Robin Williams, artista de
vastos recursos cômicos e dramáticos, e que, infelizmente, acabou de entrar para a sociedade dos grandes
atores mortos.
O professor John Keating (interpretado por Robin Williams em
Sociedade dos Poetas Mortos) não dá aulas no sentido formal e solene do termo. O
que ele faz é tentar inocular nos estudantes o germe da curiosidade e do protagonismo da própria vida.
Para isso,
ele rasga o formalismo das tradições e, em vez de fazer os alunos decorarem
estilos e conceitos literários, ele desvela a beleza da poesia. Há um brilho
nos olhos do professor Keating quando ele fala de poesia, “porque poesia não é
para compreender e sim para incorporar”, como escreveu o poeta Manoel de Barros.
Nascido de pai e mãe apaixonados pela docência e pela
leitura, eu não poderia ser outra coisa a não ser um professor que há décadas
vive um tórrido caso de amor com aulas e livros. E quando estive desanimado com
a profissão que escolhi (ou foi ela que me escolheu?), aparece um professor
como John Keating vivido por um Robin Williams cheio de fervor nos olhos. Viu só? Às vezes, a culpa é das estrelas... de Hollywood.
Outro professor inspirador é o educador musical Murray
Schafer (este, de carne e osso e muitas ideias). Ele disse que, ao contrário do que se costuma dizer, para
aprender não é preciso talento e sensibilidade, mas coragem e curiosidade.
Em outras palavras, eu digo que é preciso coragem pra experimentar e fazer da vida algo extraordinário; curiosidade para sair da
gaiola e voar além das certezas dos livros e dos professores mortos.
No filme, seja por medo de sair da gaiola ou por preguiça, nem todos os alunos sobem nas carteiras como o professor Keating. E você? É curioso para descobrir o que não está nos manuais? Você quer ser o protagonista de sua profissão?
Ou, como
perguntaria o personagem-título David Copperfield no livro de Charles Dickens, "você será o herói da sua própria vida ou esse papel será desempenhado por outro?"
Aprenda a lição dos poetas mortos e entre para a sociedade
dos professores e artistas vivos e que deixam viver. Ouça as vozes, carpe diem,
aproveite o dia, vá ser grande.
P.S.: lembre que, no the end, o prof. Keating foi demitido. Mas uma demissão não é o fim.
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