Em 2010, “Guerra ao Terror”: filme de baixo custo, dirigido
por uma mulher, sobre o sofrimento dos “nossos soldados” no Oriente Médio. O
concorrente e perdedor mais forte era “Avatar”, filme de altíssimo custo
dirigido por quem? James Cameron, ex-marido da diretora de "Guerra ao
Terror".
Em 2011, “O Artista”, filme que homenageia o estilo das
comédias do cinema mudo.
Em 2013, “Argo”, filme em que produtores de Hollywood salvam
“nossos cidadãos” sofrendo no Oriente Médio.
Em 2015, “Birdman”, reciclagem de críticas à Hollywood que
sempre faz a comunidade hollywoodiana rir de si mesma. Depois das duas horas de
filme, o efeito passa e eles voltam a se levar a sério.
A Academia também adora premiar filmes com temas
“importantes”.
Em 2009, a farsa dos irmãos Coen sobre um judeu ou a farsa
de Tarantino para matar Hitler não tinham chances perto de “Guerra ao Terror”.
Em 2010, o retrato acachapante da geração facebook (“A Rede
Social”) e o incrível “Toy Story 3” perderam para “O Discurso do Rei”, filme em
que um personagem Real vence suas próprias fraquezas.
Só pra lembrar que 'A Rede Social' fala de Mark Zuckerberg, um
personagem real que a essa altura conhece as nossas fraquezas.
Em 2012, nem o realista “Amor” nem o espiritual “As
Aventuras de Pi” nem Steven Spielberg filmando a vida de Abraham Lincoln
conseguiram deter a vitória de “Argo”.
No ano seguinte, “12 Anos de Escravidão” mostrava um retrato
impiedoso do escravismo. Se não fosse um filme com méritos artísticos talvez
não ganhasse o prêmio máximo. Mas quem seria o coração de pedra que não lhe
daria o Oscar?
Outro padrão de comportamento dos membros da Academia é
premiar atores e atrizes que interpretem um personagem com alguma doença ou
deficiência.
Essa tendência não é ruim quando se premiam grandes performances
, como Dustin Hoffman vivendo um autista em "Rain Man" ou Daniel
Day-Lewis em "Meu Pé Esquerdo".
Mas às vezes fica a impressão de que os membros votantes
acreditam que as interpretações que imitam os personagens reais são muito
superiores às interpretações que criam um personagem.
Pra ficar só nesse ano, o Oscar de melhor ator foi para
Eddie Redmayne interpretando Stephen Hawking, e o prêmio de melhor atriz foi
para Julianne Moore vivendo uma personagem que sofre do mal de Alzheimer.
O Oscar é ou não é uma sessão de terapia?
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