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Mostrando postagens de 2016

a opinião pública e a opinião publicada sobre os evangélicos

Parece que tem uma revista que quer ficar de boas com potenciais consumidores. O dossiê Brasil Evangélico fala de protestantes e pentecostais sem a habitual ironia vista em suas matérias sobre os evangélicos. Em texto de quatro páginas, a ADRA [Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais]  é bastante elogiada e as crenças adventistas são tratadas com respeito. Todos os textos reconhecem o trabalho social dos evangélicos - são boas matérias sobre batistas, mórmons, assembleianos...  Acho ótimo. Mas reportagens como essa mostram que a opinião pública (mídia, universidades) só ressalva as igre jas quando estas aparecem como ONGs. A função espiritual e as diferenças teológicas seriam somente propulsoras de intolerância e, lá vem, fundamentalismo. É claro que o objetivo e o escopo da Superinteressante não é proselitismo religioso e nem detalhar minúcias teológicas do cristianismo evangélico no Brasil. O que tem chamado atenção da mídia é o expressivo crescimento n

Steven Spielberg, 70 anos: os 10 melhores filmes

Steven Spielberg acaba de completar 70 anos de idade. Soa estranho que o cineasta que melhor soube mexer com nossas fantasias e medos infantis já seja um ancião. É verdade que ele deixou um pouco suas criaturas fantásticas e seus caçadores de aventuras indestrutíveis e preferiu dar aula de História. Alguns preferem seus ETs, dinossauros e Indiana Jones; outros gostam mais de seus filmes sobre escravidão e II Guerra Mundial. Eu prefiro os bons filmes que ele faz, porque para mim importa sua incrível capacidade de contar histórias, sejam reais ou sobrenaturais. Seus prós são muitos - até seus filmes medianos têm enquadramentos incríveis  - dirige atores infantis como ninguém: ele dirigiu uma Drew Barrymore garotinha em ET e um Christian Bale pré-Batman e pré-adolescente em Império do Sol - chamou John Williams para compor as trilhas dos seus filmes - os efeitos visuais de seus filmes servem à trama e não ao exibicionismo tecnológico - tem pleno domínio na filmagem d

Hacksaw Ridge e o testemunho da fé na Europa

Hacksaw Ridge é o título em inglês do filme de Mel Gibson que conta a história do socorrista adventista Desmond Doss, soldado americano alistado na II Guerra Mundial que se recusou a pegar em armas por objeção de consciência. Servindo entre 1942 e 1946, sua coragem para resgatar feridos o levou a salvar muitos companheiros de batalhão. No Brasil, o filme se chamará Até o Último Homem , e vai estrear nos cinemas em 12 de janeiro de 2017. ***** Karolina e Monika, de Cracóvia, Polônia, passaram muito tempo neste último mês em seu cinema local. Gêmeas adolescentes recém-batizadas (foto) , elas vestem camisas que lembram o uniforme que Desmond Doss teria usado na II Guerra Mundial. Atrás da camisa está escrito "Desmond Doss salvou 75. Jesus salvou a todos. Eu sou adventista como Desmond Doss - me pergunte mais". Elas não estão sozinhas. Mais de 100 jovens adventistas em cidades de toda a Polônia passaram o mês de novembro como voluntários nos cinemas, na rua,

Lutero e a Reforma da música - parte 1

Andreas Karlstadt acaba de publicar em Wittenberg um panfleto com 53 tópicos condenando a liturgia católica, rejeitando seu formato, seu idioma e sua música inacessível ao canto congregacional. Isso foi manchete em março de 1522. Naquele ano, Martinho Lutero, após seu exílio no castelo de Wartburg, voltava para Wittenberg, onde em 31 de outubro de 1517 ele publicara suas 95 Teses. Isso continua sendo manchete há 499 anos. Esperava-se que o Dr. Lutero, o reformador protestante , apoiasse Karlstadt. Mas ao chegar na cidade, Lutero profere uma série de oito sermões com o intuito de corrigir a reforma litúrgica radical de Karlstadt. A reforma luterana deveria ser mais cautelosa e mais conservadora devido 1) à necessidade de reformar o ensino bíblico antes de modificar o ritual e 2) ao apreço de Lutero pelo canto tradicional polifônico. As proposições reformadoras de Lutero cuidaram de preservar o aparato cerimonial da missa católica, cuja música, linguagem e ornamentações possuí

marchando para a guerra ao som de hinos

Quando fez sessenta anos de idade, o velho rei ainda se lembrava da manhã em que viu um grupo de cantores marchando à frente de pelotões de soldados que permaneciam surpreendentemente na retaguarda. Ele lembrou do silêncio interrompido pela voz alta dos cantores e sorriu sozinho ao lembrar que, enquanto eles entoavam cânticos de louvor, os três exércitos inimigos do outro lado da montanha começaram a lutar uns contra os outros numa estranha e encarniçada batalha que os destruiu por completo. O velho rei prendeu o sorriso por um instante, olhou para os lados para assegurar-se de que ninguém o visse rindo feito um idoso senil, e então cantou os primeiros versos da música que ouvira naquela guerra em que nenhum dos seus soldados precisou entrar em combate: “Rendei graças ao Senhor, porque Ele é bom e a sua misericórdia dura para sempre”. O dia em que a música foi uma arma de combate foi relatado em 2 Crônicas 20, capítulo da Bíblia que registra uma ordem divina para que

Deus não bate pênaltis

Se o goleiro e o batedor do pênalti pedem a ajuda de Deus no mesmo momento, para quem o Onipotente decide? Ao falar sobre a natureza do universo, Einstein teria dito que "Deus não joga dados". A frase estava relacionada a determinações e incertezas propostas por teorias da mecânica e física quântica. Os resultados do esporte também podem ser tão difíceis de determinar, e têm tantas variáveis e incertezas, que dá pra dizer que se Deus não joga dados, Ele também não bate nem defende pênaltis. Outra situação: num concurso federal onde 5 mil pessoas disputam duas vagas. Ainda que todos rezem para o mesmo Deus, ninguém espera um milagre em que todos os candidatos sejam aprovados e convocados. Até porque isso criaria um mar de contas no vermelho para o governo e não haveria Moisés ou José do Egito capaz de administrar esse inchaço do funcionalismo público. Os primeiros lugares em concursos e os medalhistas de ouro têm mais fé do que outros? Não tenho fé para acreditar nesse ti

poema para nice

Nesse olho por olho, ficamos cegos de afeto Nesse dente por dente, ficamos mudos de respeito Matamos o Cristo e ainda batemos no peito: “Pai, queima aquela igreja, eu sou o único correto” Um pouco de amor para o devoto que sonha com o paraíso Mais tolerância para a fé do homem que se faz bomba Mais compaixão para o bispo que chuta a santa Um pouco de poesia para um mundo que perdeu o juízo JSM.

quando a teologia canta

Convencer alguém a ir à igreja num sábado à noite parece tão difícil quanto convencer uma pessoa a ir ao dentista extrair um siso. Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite: uma pizza, um filme, uma conversa boa. Menos ter que ir a um culto. Ou ao dentista. Mas foi justo num sábado à noite que fui com meus filhos à igreja. Na verdade, fomos assistir a um concerto cristão. Os cantores entraram no palco, a banda começou a tocar e fluíram uma, duas, três canções bonitas que todo mundo parecia conhecer. Antes de cada música, os músicos falavam um pouco sobre sua vida e, especialmente, a respeito da existência humana, da convivência e da busca por significado. Em seguida, abordavam questões de fé, religião e comunhão, reforçavam a necessidade individual de conhecer melhor a Bíblia e apontavam para o sentido da vida: relacionamento com Deus e com os semelhantes. Fez toda diferença ouvir um concerto em que os cantores são também pastores. E uma das funções mais nob

o ano em que os cristãos cantaram com entusiasmo

   “Mas é fato que havia naqueles dias um poder que foi chamado de canto do Advento [ Advent singing ], como não se sentiu em nenhum outro. Pareceu-me que nem mãos nem pés se moveram em toda a multidão até que eu terminasse todas as palavras desta longa melodia. Muitos choraram, e o estado de sentimento foi mais favorável para a introdução dos solenes assuntos daquela noite”. Populista, emocionalista, demagogo: já podemos começar com as críticas a esse pregador suspeito de usar a música para comover as pessoas. Mas o fato é que esse relato está nas memórias de Tiago White ( Life Incidents , 1868, p. 94-95). O cântico citado por ele é “ You Will See Your Lord A-coming ” (Você verá o Senhor voltando), cujos versos repetitivos ele costumava cantar antes de pregar. Entoada durante o movimento milerita, a letra dessa música simples reforçava a expectativa pela iminência do advento:   Você verá o Senhor voltando Você verá o Senhor voltando Você verá o Senhor voltando Den